segunda-feira, 30 de junho de 2008

"(...) Andei amando loucamente, como há muito tempo não acontecia. De repente a coisa começou a desacontecer. Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas (juro). Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer."

(trecho de uma carta de Caio Fernando Abreu para Emediato, em 28 de dezembro de 1976)

sábado, 28 de junho de 2008

Ai, Elizeth...

"Todo o sentimento"
Composição: Cristóvão Bastos e Chico Buarque

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo
Da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar
E urgentemente
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo o sentimento
E bota no corpo uma outra vez

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente
Doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro, com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei, como encantado
Ao lado teu
"Canção da manhã feliz"

Composição: Indisponível

Luminosa manhã
Tanto céu, tanta luz
Dá-me um pouco céu
Mas não tanto azul!
Dá-me um pouco de festa, não esta
Que é demais pros meus anseios;
Você sabe, manhã, ele veio!
Despertou-me sorrindo
E até me beijou...
Eu abri a janela
E este sol entrou
De repente em minha vida
Já tão fria e sem desejos,
Estes festejos, esta emoção.
Luminosa manhã!
Tanto céu tanto azul
É demais
Para o meu coração!
"Janelas abertas"

Composição: Tom Jobim / Vinicius de Moraes

Sim, eu poderia fugir, meu amor,
Eu poderia partir
Sem dizer pra onde vou
Nem se devo voltar;
Sim, eu poderia morrer de dor,
Eu poderia morrer
E me serenizar...

Ah! eu poderia ficar sempre assim
Como uma casa sombria
Uma casa vazia
Sem luz nem calor.
Mas, quero as janelas abrir
Para que o sol possa vir
Iluminar nosso amor.
"Modinha"

Composição: Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes

Não
Não pode mais meu coração
Viver assim dilacerado
Escravizado a uma ilusão
Que é só desilusão

Ah, não seja a vida sempre assim
Como um luar desesperado
A derramar melancolia em mim
Poesia em mim

Vai, triste canção, sai do meu peito
E semeia a emoção
Que chora dentro do meu coração
Coração
"Valsa da solidão"

Composição: Paulinho da Viola/Hermínio Bello de Carvalho

Onde estava tanta estrela que eu não via
Onde estavam os meus olhos que não te encontravam
Onde foi que pisei e não senti
No ruído dos teus passos em meu caminho.

Onde foi que vivi
Se nem me lembro se existi
Longe de você.

Ah! Foi você quem trouxe essa tarde fria
E essa estrela pousada em meu peito
Ah! Foi você quem trouxe todo esse vazio
E toda essa saudade, toda essa vontade de morrer de amor.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

"(...) deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço, (...)"

(Caio Fernando Abreu, "Para uma avenca partindo")

quarta-feira, 4 de junho de 2008

"Benditas"

(Mart’nália e Zélia Duncan)

Benditas coisas que eu não sei
Os lugares onde não fui
Os gostos que não provei
Meus verdes ainda não maduros
Os espaços que ainda procuro
Os amores que eu nunca encontrei
Benditas coisas que não sejam benditas


A vida é curta
Mas enquanto dura
Posso durante um minuto ou mais
Te beijar pra sempre o amor não mente, não
mente jamais
E desconhece do relógio o velho futuro
O tempo escorre num piscar de olhos
E dura muito além dos nossos sonhos mais puros
Bom é não saber o quanto a vida dura
Ou se estarei aqui na primavera futura
Posso brincar de eternidade agora
Sem culpa nenhuma

domingo, 1 de junho de 2008

"(...)
Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz"

(A história de Lily Braun, de Chico Buarque e Edu Lobo)